Clube Atlético Mineiro (2)

Clube Atlético Mineiro (2)

Domínio estadual

Quando o Galo conquistou o seu 38º título estadual no ano de 2000, apenas confirmou o que vinha sendo testemunhado por todo o Brasil nas últimas décadas: o domínio avassalador do Atlético dentro do Estado. Com cinco títulos acima de seu rival direto, 38 contra 30.
O Atlético foi o primeiro campeão mineiro da história, na primeira disputa realizada no ano de 1915. O América-MG seria quem dominaria o Campeonato Estadual logo em seguida, conquistando dez títulos consecutivos. E quem quebrou esta sequência foi justamente o Galo, com a presença do atacante Mário de Castro, o herói da conquista de 1926.
Na década de 1950, Galo conquistaria um pentacampeonato entre os anos de 1952 a 1956. Na década de 1960, com o surgimento do Cruzeiro de Tostão e cia, o Galo perdeu a condição de maior força estadual, já que o time celeste, que até então era uma força inexpressiva, começou a crescer de maneira vertiginosa.
Mas nos anos 70 e 80, recuperou esta condição conquistando em 15 anos 11 títulos. Entre os anos 1978 a 1983, o Galo celebrou seu hexacampeonato, maior sequência de títulos desde a era amadora do futebol mineiro.
Ao conquistar seu 40º título mineiro, o Galo passou a ser o clube de elite brasileira com maior número de títulos estaduais[12], o Galo está acima de Inter-RS, Cruzeiro e Flamengo-RJ. O atacante Diego Tardelli fez parte desta conquista.

Tradição nacional

Em 1937, o Galo conquistou a Copa dos Campeões, segunda competição nacional oficial no Brasil, precedida pela edição de 1920 (Conquistada pelo Paulistano), equivalente à Copa dos Campeões do início dos anos 2000. Foi organizada pela Federação Brasileira de Futebol (FBF), rival da CBD na época.
O Atlético Mineiro conquistou o título de Campeão dos Campeões, que reuniu os vencedores estaduais de 1936 em Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo - lembrando que, à época, a cidade do Rio de Janeiro formava o Distrito Federal e era separada do restante do estado do Rio, cuja capital era Niterói, em situação análoga à atual entre Brasília e o estado de Goiás.
Na estreia, no Rio de Janeiro, no dia 13 de Janeiro, o Atlético sofreu uma goleada do Fluminense por 6 a 0. Na segunda rodada o Atlético, no Espírito Santo, empatou por 1 x 1 com o Rio Branco. Na última rodada do primeiro turno, no dia 24 de Janeiro, o Atlético venceu a Portuguesa por 5 a 0 em Belo Horizonte. Na rodada seguinte, ainda em Minas Gerais, o Atlético vingou-se da goleada sofrida para o Fluminense com uma vitória por 4 a 1. Depois venceu o Rio Branco em Lourdes por 5 x 1 e novamente a Portuguesa em São Paulo por 5 x 2. Assim o Atlético sagrou-se o primeiro campeão de um torneio nacional de clubes.[13]
O Galo também tem história na Taça Brasil, ainda que jamais tenha chegado ao título. A Taça Brasil era uma competição disputada em forma de copa desde 1959 a 1967 (equivalente hoje ao Campeonato Brasileiro), que reunia os campeões estaduais da maioria dos estados brasileiros que se enfrentavam em disputas denominadas Taça Brasil Zona Sudeste, Zona Norte, Zona Sul e etc. Os que sobreviviam a essas fases, enfrentava os campeões paulista e carioca que já entravam na fase semi-final. O Atlético conquistou em 1959 a Taça Brasil Sudeste, em 1964 a Sudoeste/Central e em 1963, 64 e 67 a Taça Brasil Central. O campeão da Taça Brasil seria o representante brasileiro na Copa Libertadores da América.
No Robertão de 1970, o Atlético realizou uma bela campanha chegando ao quadrangular final da competição: 7 vitórias, 6 empates e 3 derrotadas. Mas o Fluminense obteve 10 vitórias, 5 empates e apenas 4 derrotas, o time era montado pelo técnico Telê Santana em 1969. O jogo final deste Torneio foi no Maracanã entre Galo e Fluminense, terminou em 1 a 1, perante 112.403 torcedores pagantes.[14] Participaram também desta fase final Cruzeiro e o Palmeiras. O Torneio Roberto Gomes Pedrosa foi criado em 1967 pelas federações carioca e paulista de futebol e organizado e patrocinado pela C.B.D a partir de 1968.
No entanto, em 1971, o Campeonato Nacional de Clubes foi criado para estabelecer procedência e organização garantida ao futebol brasileiro. Sucedeu os torneios Robertão e a Taça Brasil como o torneio nacional que definiria os representantes brasileiros nas competições Sul-Americanas. O primeiro Campeonato Nacional de Clubes teve inicio em 7 de agosto de 1971 e terminou em 19 de dezembro do mesmo ano. O Campeão foi o Atlético Mineiro, o Galo.[15] Nesta disputa entravam como favoritos o Santos FC de Pelé, o Botafogo de Jairzinho e o Corinthians de Rivelino.
Ainda no final da década de 1970, o Atlético conquistaria a Copa dos Campeões da Copa Brasil, título oficial realizado em 1978. A disputa foi entre os primeiros campeões brasileiros: Vasco, São Paulo e Atlético, e o Galo se sagrou campeão.
O Atlético figurou desde 1971 na elite do Brasileirão, participando de 14 semifinais (Record), sendo três vezes vice-campeão: em 1977 (invicto, 10 pontos na frente do campeão São Paulo), em 1980, e em 1999. Além de 1971, ano em que foi o legitimo campeão, o Atlético foi o clube que mais conquistou pontos em 1977, 1980, 85 e 87, o que representaria um pentacampeonato caso o sistema de pontos corridos tivesse sido implantado desde 1971.
Em 76, 83, 86, 87, 91 e 96, obteve a 3ª colocação, chegando em 4º lugar em 85, 94, 97 e 2001.[7]
Em 2005, foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro. A vergonhosa campanha veio a carimbar o que vinha sendo o pior momento da história do Clube, uma decadência que vinha desde a metade dos anos 1990. Mas o Clube reagiu logo em seguida, retornado à elite como campeão brasileiro da Série B.

Destaque continental

O Galo participou da Libertadores de 1972 pela primeira vez e foi eliminado ainda na primeira fase.
O Atlético voltaria a disputar a principal competição do continente em 1978, naquela oportunidade deixou para trás, na fase de grupos, o campeão e o vice-campeão chileno, e ainda o São Paulo FC. Na fase semifinal, o Atlético cairia num grupo que contava com o River Plate, campeão argentino e o Boca Juniors, campeão vigente da Libertadores. O Galo sucumbiu à força dos dois gigantes argentinos e foi eliminado na fase semifinal da Libertadores de 1978, essa é até hoje a melhor participação do clube nesta competição.
A Libertadores de 1981 é recordada com bastante tristeza pelos atleticanos. O Atlético, que tinha um grande elenco, terminou em primeiro lugar na fase de grupos empatando em todos os critérios com o Flamengo, o outro líder do grupo. A Conmebol marcou um jogo extra, no Serra Dourada, mas o jogo não terminaria - até hoje - por falta do número de jogadores atleticanos. O juiz José Roberto Wright expulsou cinco jogadores do Atlético, o Flamengo avançou e foi o campeão derrotando equipes modestas como Jorge Wilstermann, América de Cali e Cobreloa.
Somente 19 anos depois é que o Galo voltaria a disputar uma Libertadores, foi em 2000. Mais uma vez o Galo não teve uma boa participação, passou em segundo num grupo mediano, eliminou ao Atlético-PR e caiu nas quartas-de-finais para o Corinthians de São Paulo.
Além da Libertadores, o Galo participou de outras competições na América do Sul. Em 1992 o Galo conquistaria seu primeiro título internacional oficial: a Copa Conmebol, competição criada nos moldes da Copa Uefa, e precursora da atual Copa Sul-Americana.[16][17][18] O Atlético venceu na final ao Rey de Copas, o tradicional Club Olimpia do Paraguai.
O Atlético é o clube que detém os melhores números na história da Copa Conmebol. O título de 1992 lhe deu direito de jogar a Copa Ouro, em 1993. O Galo chegou até a final, depois de eliminar seu rival local, mas foi derrotado novamente pelo Boca Juniors. Em 1996, o Alético disputou ao lado de São Paulo, Botafogo e Rosário Central a Copa Master Conmebol, sagrando-se vice-campeão ao perder a final para o São Paulo. O Atlético conquistaria outra vez a Copa Conmebol em 1997, derrotando ao Lanús de Argentina. Por um placar de 4 a 1, jogando em Buenos Aires, o time de Minas praticamente assegurou o bicampeonato.
Na Copa Mercosul de 2000, o Atlético sairia de um grupo que tinha a Peñarol, Vasco e San Lorenzo, como o melhor time da primeira fase; nas oitavas-de-finais eliminaria ao poderoso Boca Juniors, seu grande algoz, mas nas cairia diante do Palmeiras na fase seguinte. Este histórico lhe rendeu o 22 lugar no Ranking da IFFHS, que realizou um levantamento sobre Os Maiores Clubes da América no Século XX. O Galo é o 22º no geral e o 8º entre os brasileiros na frente de Corinthians, Inter, Botafogo e Fluminense[19].
No ranking Conmebol do Século XX o Galo não está tão bem colocado, ocupa a 45º posição no geral e a 10º entre os clubes brasileiros, mas está acima de Inter, Botafogo e Fluminense.[20]

Reconhecimento internacional

O Atlético foi o clube que protagonizou a primeira partida internacional de Minas Gerais, isto ocorreu em 1929, na disputa da Taça Internacional de Belo Horizonte contra o Vitória de Setúbal, historicamente a quarta força do futebol de Portugal (Atrás do SL Benfica, Sporting Lisboa e Porto FC). O Atlético derrotou os portugueses por 3 a 1.
Também foi o Atlético, o primeiro clube brasileiro de futebol profissional, a realizar uma excursão pela Europa. Foi no ano de 1950, ano emblemático para o Brasil, já que se esperava que o país conquistasse, como anfitrião, seu primeiro título mundial de futebol. O ocorrido, conhecido até o dia de hoje com Maracanazo, levou a CBD a editar uma resolução proibindo equipes brasileiras de realizarem jogos contra clubes estrangeiros. O Atlético não obedeceu a esta resolução e partiu para o Velho Mundo a disputar torneios amistosos, dentre eles, o Torneio de Inverno.
Em dezembro daquele ano, em pleno inverno no hemisfério norte, o time disputou dez partidas contra equipes da Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e França. Dentre os dez times, se encontravam quatro campeões nacionais do continente, equipes tradicionais como o Schalke 04, Hamburgo SV (onde o derrotou por 4x0) e o famoso RSC Anderlecht da Bélgica. Foram seis vitórias, dois empates e apenas duas derrotas. A notável campanha nos frios gramados do velho continente, alguns cobertos de neve, rendeu ao clube o título simbólico de Campeão do Gelo.[21] A CBD fez uma homenagem ao Atlético, antes de um jogo pelo Campeonato Carioca, na chegada a BH, uma multidão realizou uma recepção aos campeões como nunca se houve.
O Atlético voltaria a ter reconhecimento internacional nos anos 70. Em 1976, foi convidado a jogar o Torneio Conde de Fenosa, na Espanha. Um dia depois à conquista daquele título, os jornais espanhóis descreveram assim a participação do clube mineiro:
Tanto na partida contra o Celta, como na de ontem contra o nosso Deportivo, o CA Mineiro de Belo Horizonte, mostrou que não havia o menor exagero quando publicou sua história, e seus triunfos sobre seu rival o Cruzeiro. Trata-se de uma equipe extraordinária, e não apenas no domínio da "bola" com este ato de equilíbrio, com a percepção natural dos clubes do Brasil, mas com grande força física, com clareza sobre a bola longa com velocidade e um tiro muito difícil, que são um claro exemplo dos últimos dois gols que marcaram contra o LaCoruña. Para rivalizar com um time assim, o Atlético Mineiro deveria enfrentar a equipes do topo do futebol espanhol, já que nem Celta, nem Deportivo são pedras de toque para rivalizar contra o time do técnico Barbatana. Mas, afinal, é um prazer ver estas mudanças rítmicas dos "mineiros" de tecelagem e de futebol arte, a penetração rápida, para coroar com um chute forte.
O Galo participou de outros torneios internacionais e conquistou alguns deles:
  • Torneio Conde de Fenosa. O Galo derrotou ao Deportivo La Coruña (que um dia antes havia derrotado ao Real Madrid no jogo de abertura) por 4x2, em pleno Riazor.
A última vez que o Galo se encontrou com um clube europeu em competições internacionais amistosas no Brasil, foi no final dos anos 90. Em 1997, na Copa Centenário de Belo Horizonte, realizada no Mineirão, o Atlético saiu perdendo de 2 a 0 para o AC Milan da Itália, mas conseguiu o empate, passada a fase de grupos, o Galo se tornou o campeão ao derrotar seu eterno rival por 2 a 1.
Em 1999 o Atlético enfrentou ao maior campeão do mundo, o Glasgow Rangers na Copa Millenium 1999 disputada em Miami-EUA, e também voltou a se encontrar com o AFC Ajax, no Torneio dos Três Continentes, disputado no Vietnã e em todas elas o Atlético saiu vencedor e levantou a taça de campeão.
O Galo já teve diversos grandes jogadores. O maior artilheiro do clube é Reinaldo, com 255 gols, seguido por Dario (211), Mário de Castro (195), Guará (168) e Lucas Miranda (152). O atleta que mais vezes defendeu o clube foi João Leite, com 684 jogos, à frente de Vanderlei Paiva (559), Luizinho (537), Vantuir, Paulo Roberto (507) e Kafunga (504).
O Atlético Mineiro também já foi comandado por treinadores de renome como Abel Braga, Barbatana, Carlos Alberto Parreira, Carlos Alberto Silva, Emerson Leão, Yustrich, Jair Pereira, Levir Culpi, Mussula, Procópio Cardoso, Ricardo Diéz, Rubens Minelli e Telê Santana, entre outros. Campeão Brasileiro em 1971, Telê foi o técnico que mais vezes dirigiu o Galo, com 434 partidas.

Reinaldo

O maior craque do Galo foi Reinaldo,[23][24] em que por 12 anos jogou no time. Reinaldo ficou consagrado por sua genialidade, seus dribles desconcertantes e sua vocação para o gol. Conseguiu levar o Atlético-MG a sete títulos mineiros em oito anos (1976, 78, 79, 80, 81, 82 e 83),[25] sendo artilheiro do time e do campeonato inúmeras vezes. Em 1977, Reinaldo estabeleceu um recorde que só foi batido 20 anos depois: o de artilheiro do Campeonato Brasileiro com 28 gols em apenas 18 partidas disputadas.[26] Pelo Atlético, o Rei - como era chamado pela massa atleticana - marcou 255 gols em 475 partidas.[27] Reinaldo abandonou os campos em decorrência das contusões que o perseguiam, frutos da violência com que era marcado pelos adversários.

Fonte: Wikipédia.